Minha amiga Cidinha Pardini comentou como é poderosa a nossa memória que guarda nossa história e, por consequência, o que somos. Ao ler esta postagem do “Mundo Dos Heróis”, algo ativou a lembrança traumática de quase morte que passei na adolescência.
Nunca publiquei, mas aos 13 anos estive muito perto da morte. Foi no Guaxupé Country Club.
Teruo
Na “piscina grande”.
Na parte mais profunda, havia um ralo que estava aberto e me puxou, prendendo meu pé.
Não sei por quanto tempo fiquei me debatendo, tentando sair, mas sem sucesso.
O pânico foi tomando conta, até que senti o corpo se entregar.
Então, só me lembro de que desisti. Senti o pânico se dissolver em uma estranha aceitação. Meu corpo se entregava ao inevitável, enquanto uma calma desesperadora me dominava. Comecei, mentalmente, a me despedir.
Dizem que, quando somos pais, a última imagem que nos vem antes da morte é a dos nossos filhos.
A “quase” última que me veio foi a da minha mãe.
Agradeci por ela ter sido minha mãe e soltei o corpo, aceitando o fim.
Mas então, do fundo do medo, algo em mim se recusou a ceder. Um impulso irracional, uma fagulha de vida… Eu tentei, uma última vez. Não podia respirar fundo, claro. Mas comprimi o corpo e empurrei a parede o mais forte que pude.
Quando meus pulmões finalmente encheram-se de ar, foi como se o mundo se reconectasse. O som da água, as cores borradas ao meu redor… A vida voltando, com uma força que eu mal podia acreditar. Só consegui força para sair da piscina, e acho que desmaiei.
Só me lembro de acordar com várias pessoas ao meu lado e meu pé todo ensanguentado.
O rapaz que fazia a limpeza da piscina comentou que, quando alguma escova ou outro objeto ficava preso lá, só desligando as bombas para tirar.
Ainda tenho a cicatriz do corte profundo no pé, para me lembrar que sempre vale a pena tentar “só um pouco mais!”.
Essa cicatriz não é só uma lembrança do que aconteceu naquele dia. Ela me lembra, todos os dias, que há sempre forças dentro de nós, até quando acreditamos que não resta mais nenhuma.
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