Por que Eu Achei O Caminho do Artista Uma Autoajuda Religiosa (e Não Era o Que Eu Esperava)

Se você é como eu, costuma buscar respostas para as questões diárias e da vida nos livros. Quero compartilhar essa experiência com você.

Confesso: gosto de bons livros de autoajuda.

Começou na juventude, depois de ler A Mágica de Pensar Grande, de David J. Schwartz. Foi um divisor de águas. Depois dele vieram A Lei do Triunfo, de Napoleon Hill, e Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas, de Dale Carnegie, entre outros clássicos do gênero.

Há quem tenha preconceitos com este gênero, mas é isso: cada um vive sua própria realidade, e a autoajuda funcionou para mim. Esses livros foram um bálsamo para a ausência de relações pessoais sólidas, algo comum a quem, como eu, tinha dificuldade para se conectar com as pessoas. No final, o que importa é que tirei insights valiosos para minha vida.

Mas não pense que aprecio qualquer obra de autoajuda, assim como não gosto de qualquer clássico literário. Para mim, uma boa obra, seja autoajuda ou não, é aquela que me faz companhia e provoca para uma reflexão e ou ação.

Isso quer dizer que, para mim, um bom livro é aquele que ressoa em mim. Que me toca. Que me afeta. Quer dizer que qualquer livro é um bom livro? Não sei.

Alguns dirão que um bom livro é aquele que é bem escrito, segue normas, possui coerência e técnica impecáveis. Mas, o que é um bom livro se ele não for lido?

Você pode ouvir uma pessoa muito mais inteligente que eu para saber o que é ou não um bom livro no vídeo “Por que Bons Livros São Rejeitados por Serem ‘Autoajuda’? (e como identificar obras valiosas)” do advogado Edison Carlos.

Por outro lado, tenho que me valer de duas das Cinco Leis de Ranganathan, o “pai” da biblioteconomia moderna:

1. Os livros são para usar.

2. A cada leitor, seu livro.

3. A cada livro, seu leitor.

4. Poupe o tempo do leitor.

5. A biblioteca é um organismo em crescimento.

Essas leis, embora criadas no contexto das bibliotecas, refletem algo universal: cada livro tem um potencial de impacto único, dependendo de quem o lê e de quando ele é lido. Um bom livro para uma pessoa pode não significar nada para outra — e tudo bem.

Não é o gênero ou a classificação que determinam o valor de um livro, mas a maneira como ele ressoa com o leitor. Há livros para cada momento, para cada necessidade e para cada pessoa. Um texto que é descartado por um pode ser o gatilho de transformação para outro. E é exatamente aí que reside a mágica da leitura: **na singularidade da conexão entre livro e leitor**.

Certamente, posso garantir que não é o rótulo do gênero o que define se um livro é bom ou ruim. O que importa é o impacto que ele provoca, a reflexão que instiga, a mudança que inspira.

Foi nesse sentido do impacto causado em mim que _O Caminho do Artista_, de Julia @cameronCaminhoArtistaDesperte2017, entrou na minha lista de livros favoritos.

O caminho do artista

Para entender, preciso falar um pouco sobre mim. Parafraseando o grande ARVRO: “o assunto do chato é ele mesmo”. Serei chato.

Sou um homem de mais de cinquenta anos, mestre em Ciência da Informação, casado e pai de uma adolescente que, para meu desespero, decidiu que será artista.

Não me interpretem mal. Meu desespero não vem de preconceito com a área, mas da minha completa ignorância sobre o tema. Ou pelo menos, eu achava que era completa.

Há alguns meses, recebemos uma doação de livros na biblioteca. Após triagem, alguns vieram parar em minhas mãos. Entre eles estava _O Caminho do Artista: desperte seu potencial criativo e rompa seus bloqueios. A Bíblia da Criatividade, com 5 milhões de livros vendidos_, editado pela Sextante.

Claramente, pensei, um livro de autoajuda.

Como bom bibliotecário, fiz minha análise: capa, contracapa, orelhas, uma folheada nas páginas. E lá estavam: dezenas, talvez centenas de citações em destaque no estilo _O Segredo_. Desta vez não pensei, exclamei: “Autoajuda!”.

Passei à chamada leitura técnica ou superficial, tentando captar o tema central. Sim, bibliotecários não leem todos os livros do acervo, mas fazemos leituras técnicas para entender os conteúdos.

Agora, imagine o desconforto de um budista ao se deparar com a palavra “Deus” aparecendo com frequência quase obsessiva ao longo do texto. Além de autoajuda, autoajuda religiosa!

Normalmente, eu já teria descartado a obra neste ponto. Mas três coisas me fizeram lê-lo:

1. Os cinco milhões de exemplares vendidos.

2. A biografia da autora.

3. O título do livro, aliado à minha necessidade de eliminar minha ignorância sobre o mercado artístico, a fim de apoiar minha filha.

Então, li-o e aqui seguem as minhas considerações:

O livro propõe um programa para “a recuperação criativa” composto por atividades distribuídas por doze semanas. Entretanto, sua estrutura essencial se divide em dois tópicos: as páginas matinais e o encontro com o artista.

As páginas matinais são três páginas escritas, diariamente, à mão, com pensamentos em livre associação. Costumo dizer que é o momento em que escrevo tudo o que me vem à mente. Sem critérios e julgamentos. Apenas escrever livremente.

O encontro com o artista é um tempo semanal sagrado reservado especialmente para passar um tempo com você mesmo, com seu artista interior.

Desses, até agora só realizei diariamente a escrita das páginas matinais :(. Desde o mês de agosto do ano passado. Para você entender o quanto isso é relevante, eu era o “cara do digital” e até então, não escrevia nem bilhete à mão. Tudo no celular ou computador.

Este exercício, por si só, já tem me trazido inúmeros benefícios. Um deles, a coragem e a inspiração para escrever e iniciar um canal no Youtube, entre outros projetos.

Deus

O livro aborda a criatividade por uma perspectiva espiritual, um ponto que, confesso, me trouxe certo desconforto inicial. Escrever sobre isso também não é tarefa fácil para mim, mas ignorar essa parte seria desonesto, já que ela é essencial à proposta da obra. Julia Cameron não hesita em qualificar os resultados de seu método como “milagres”.

Poderes superiores estão à nossa disposição sempre que precisamos de auxílio. Devemos estar sempre prontos a pedir ajuda, ter a mente aberta e estar dispostos a acreditar, apesar de todas as dúvidas. A criatividade é um ato de fé, e precisamos ser leais a essa fé, estar dispostos a compartilhá-la para ajudar os outros e para receber ajuda em troca. – Julia Cameron, O Caminho do Artista

Reconheço que esse tipo de linguagem pode afastar algumas pessoas, especialmente aquelas que, como eu, não têm uma relação direta com a ideia de um “Deus” tradicional. Mas a própria autora oferece uma abordagem inclusiva: para participar do programa, não é necessário acreditar em um conceito específico de Deus. Você pode chamar esse poder criativo de Fluxo, Energia, Universo, ou qualquer outro termo que ressoe com você.

O cerne da criatividade é uma experiência de união mística; o cerne da união mística é uma experiência de criatividade. Aqueles que falam em termos espirituais costumam se referir a Deus como o criador, mas raramente veem criador como o termo literal para artista. — Julia Cameron, O Caminho do Artista

Essa flexibilidade foi essencial para que eu continuasse a leitura. Afinal, independentemente da terminologia, a mensagem é clara: a criatividade exige um ato de confiança em algo maior, seja esse algo externo ou interno. É sobre se abrir para o desconhecido, permitir-se ser conduzido por forças que, muitas vezes, não compreendemos plenamente.

Ao refletir sobre isso, percebo que o verdadeiro convite do livro não é apenas espiritual, mas profundamente humano: conectar-se consigo mesmo, com o mundo ao seu redor e com uma fonte inesgotável de inspiração que ultrapassa as barreiras do racional. Essa perspectiva, antes impensável para mim, começou a fazer sentido conforme avancei no texto e me permiti olhar a criatividade sob uma nova ótica.

O meu caminho do artista

Quando comecei a escrever as páginas matinais, confesso que não esperava muito. A proposta parecia simples demais: três páginas por dia, à mão, despejando pensamentos sem filtro, sem julgamento, sem tentar ser brilhante. Parecia quase infantil, algo que eu, “o cara do digital”, poderia simplesmente ignorar. Afinal, há anos eu não escrevia nem um bilhete fora do computador ou do celular.

Mas foi justamente essa simplicidade que me desarmou. Aos poucos, percebi que, ao transpor meus pensamentos para o papel, algo mais profundo acontecia. Não era apenas um exercício de escrita: era como abrir um canal direto com uma parte de mim que eu nem sabia que ainda existia.

Desde agosto do ano passado, essas páginas têm sido minha prática diária, quase um ritual. E, embora eu não tenha seguido o programa completo de _O Caminho do Artista_, só esse pequeno exercício já fez uma diferença imensa. Ele me trouxe clareza sobre questões que eu nem sabia que estavam me incomodando. Inspirou projetos que antes pareciam distantes ou inviáveis. Mais do que isso, me deu coragem para começar coisas novas, como este texto, por exemplo, e até um canal no YouTube.

Claro, ainda não é fácil. Há dias em que sinto que estou escrevendo pura bobagem. Outras vezes, os pensamentos fluem como um rio, e termino as três páginas com um alívio e uma leveza que não consigo explicar. É como esvaziar um espaço interno, abrindo caminho para ideias e insights que estavam presos por trás de todo o ruído do cotidiano.

Agora, me vejo diante de um desafio maior: comprometer-me com o programa completo de doze semanas proposto por Julia Cameron. Foi justamente essa estrutura de doze semanas que me fez pensar em outro livro transformador: Um Ano em 12 Semanas, de Brian Moran.

No método de Brian Moran, o conceito central é simples, mas poderoso: ao invés de planejar metas e ações para um ano inteiro, você concentra sua energia e foco em ciclos de 12 semanas. Essa abordagem cria um senso de urgência e clareza, ajudando a transformar grandes objetivos em passos menores e mais gerenciáveis. Cada semana é tratada como uma unidade estratégica, com ações específicas e mensuráveis que levam diretamente ao objetivo maior.

Ao perceber essa semelhança estrutural, decidi unir os dois métodos. Assim como Julia Cameron divide o programa criativo em semanas temáticas, Moran oferece uma estrutura prática para manter o foco e acompanhar o progresso. Essa combinação não apenas me ajudará a cumprir as etapas do programa de _O Caminho do Artista_, mas também a aplicar os aprendizados criativos em metas concretas e palpáveis no meu dia a dia.

Sei que será desafiador. Haverá momentos de resistência, procrastinação e até mesmo frustração. Mas, assim como as páginas matinais me ensinaram a respeitar o processo sem julgar os resultados, acredito que essa jornada de 12 semanas será uma oportunidade para expandir meus limites, tanto criativos quanto pessoais.

Talvez este seja o verdadeiro “caminho do artista”: um percurso que não é linear, nem previsível, mas profundamente humano e transformador.

A Jornada Continua

E talvez seja isso que define um bom livro: sua capacidade de nos transformar, de nos tirar de onde estamos e nos levar a um lugar novo, seja dentro de nós mesmos, seja no mundo ao nosso redor. _O Caminho do Artista_ não é apenas um livro para artistas, mas para qualquer um que esteja disposto a explorar o desconhecido, a desafiar suas limitações e a se reinventar.

Minha jornada com este livro está apenas começando, mas já aprendi que a criatividade não é um dom exclusivo de alguns, mas uma força latente em todos nós. E, sim, ela exige coragem: coragem para escrever três páginas por dia, para ouvir aquela voz interior e para tentar compreender, verdadeiramente, o mundo da minha filha.

No fim das contas, talvez a maior lição seja esta: não importa se o livro é autoajuda, clássico ou um manual técnico. O que importa é o que ele nos move a fazer. E se ele nos ajuda a nos conectarmos mais profundamente com quem somos e com quem amamos, então, para mim, isso é o suficiente para chamá-lo de um bom livro.

Afinal, o que não fazemos por amor? E o que não descobrimos quando nos permitimos trilhar novos caminhos?

E se você quer saber mais sobre como vou trilhar este desafio, convido você a me acompanhar na jornada #OneYear12W do #OCaminhoDoArtista. Nos próximos dias, semanas e meses, não mais que doze, vou compartilhar os altos, baixos, aprendizados e inspirações deste projeto em meus canais. Siga-me e venha descobrir, junto comigo, até onde a criatividade pode nos levar!

Se quiser, também pode assistir em meu canal no youtube:

Gambatê!

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